Vera Lyn Poeta

A arte é Divina, é a salvação. A arte nos poe mais perto de Deus. v.l.p

sexta-feira, maio 05, 2017

Preciso fugir para algum lugar fora da vida

Preciso fugir para algum lugar fora da vida, 
fora da morte, 
fora do céu, 
fora do inferno, 
fora da humanidade, 
fora do mundo, fora de mim mesmo; do meu eu por dentro - também.

O puto que me fez, já se foi faz tempo. Incapacitado de ser meu tutor e exemplo, 
escafedeu-se. Matou-se embriagado de covardia.

Perdi-me em sua linhagem fétida à álcool e nicotina. Suas musicas boemias, cantadas em balcões de bares sujos, em troca de cachaças e fumos. Velho idiota, quem foi o outro puto que te pariu?
Nem pra pegar putas nas esquinas, serviu!

Preciso fugir para um lugar que flutue e exista boa respiração. Que haja muito ar puro a brisar. 
Pensei em meus pulmões...
Sei não. Mas meus pulmões estão em chamas nesse instante. Eu os sinto como vulcões em erupção. Tenho ferimentos nas entradas das narinas, fato, febre interna.

Faz frio. Hoje não tem o sol, apenas nuvens.
Estou escrevendo da prisão onde vivo em excesso de liberdade. Fica detrás dos enormes muros que mandei construir para me prender.
Aqui, eu posso andar de cabeça para baixo. Posso comer formigas, assim como fazem os tamanduás.

Vera Lyn Poeta

Meu corpo ancorado noutra vida - dentro desta.


Segui, pelas ruas de minhas angustias.

Cheguei a pensar que não valeria o penar.
Quantas vezes tombei? Não sei!

Me perdi. Fiquei zonza; acuada num canto escuro;
de solidão ardendo.
Mas existe àquela força sobre humana,
Que age secreta e envolvente.
Forte como o fogo.
Brabas ondas de maré a ressuscitar terras novas;
enxurradas de sentimentos amadurecidos.

Os poemas são minha cura.
Onde em silêncio incorporo infinitos.
Que invadem meus segredos a descreverem -
litorâneos de Deus.

Emergir o corpo expelindo faíscas de vida, levantado pela alma;
Corpo ancorado noutra vida - dentro desta.
Alma em marfim. Alma que transporta. Sigo. 
Meus surtos, meus choros de amor e ódio, meus olhos envoltos por marcas de expressão falam por mim.


quinta-feira, maio 04, 2017

Ah se eu pudesse

Ah se eu pudesse viver de brisas
Só da brisa que o vento leve traz.
Ah se eu pudesse morar dentro dos poemas,
acomodada no berço que nos poemas há.

Jogar-me aos passos em mutualidade do revoar leve, livre, solto
duma bailarina que nos poemas, há.

Ah se eu pudesse,
esquivar-me ao Arcanjo falastrão,
Que me arranca do mutismo,
incumbindo-me à missão,
do amor semear.....ao virgem clarão da terra no chão
Onde também, pisará o tolo e o presunçoso,
com seus pobres bordões em cinzas
em suas vãs tentativas,
de me alienar e arrastar.

Ah se eu pudesse ser brisas leves, livres, 
soltas ao vento,
lento dengo estendida sobre teus braços,
sorrindo feliz, e seus lábios beijar....a minha boca na tua voz
suspirando amar.

Vera Lyn Poeta

Chico .....


Minha mãe sempre diz: Não há dor que dure para sempre! Tudo é vário. Temporário. Efêmero. Nunca somos, sempre estamos. E apesar de saber de tudo isso porque algumas dores duram tanto?” 
― Chico Buarque

Vera lyn poeta

Profunda dor


Tantas dores, nesse exato milésimo de segundo, ecoam pelo mundo. Essa profunda dor que estou sentindo, é somente mais uma daquelas dores que sangram.

Ceguei-me às palavras de amor ouvidas. Adentrei de corpo e alma, aos castelos construídos no imediatismo.

Entendo que tudo era apenas um belo e puro sonho. Por isso sangro agora. Não se é permissivo esmagar sonhos como se matam baratas. Pisando sobre, e retorcendo a ponta dos pés até sobrar fagulhas; restos nauseantes. 

A poesia e eu somos apenas uma só alma. Mas eu não sei amar....
Quando amo chego ao grau da loucura. Salto à velocidade, em fuga, na minha própria liberdade.
Sinto pavor do desamor. Sinto angustia da traição. A traição me lança de volta ao inferno fumegante da minha mente transtornada.

Penso na frase impactante da escritora diva Clarice Lispector: "Acredito que pessoas aprendem com os próprios erros e com o tempo. Acredito também que quem traiu uma vez e foi perdoado vai trair de novo." - Paro de chorar, vou tomar meu café dessa manhã nublada.

Vera Lyn Poeta