Vera Lyn Poeta

A arte é Divina, é a salvação. A arte nos poe mais perto de Deus. v.l.p

segunda-feira, maio 08, 2017


Eis a minha serenidade. Eis apenas meus olhos em movimento. Meu corpo está dormindo, pois já são meia noite e vinte e cinco dessa madrugada. Eis o tédio. Em tempo tudo há de escurecer. Tomei uma lua inteira. Ela já está a adormecer meus membros, posso sentir a serenidade. Meus olhos estão caindo: pálpebra à pálpebra. Colarão feitos dois corpos exaustos de tanto amar. Selarão sem promessa do amanhecer. 
Eis a minha serenidade: eu tomo uma lua ou duas luas e adormeço sem perceber. Assim, também, é a morte.

Vera Lyn Poeta

sábado, maio 06, 2017

Amar! - Florbela Espanca


Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

____Florbela Espanca___
-Vera Lyn Poeta

sexta-feira, maio 05, 2017

Preciso fugir para algum lugar fora da vida

Preciso fugir para algum lugar fora da vida, 
fora da morte, 
fora do céu, 
fora do inferno, 
fora da humanidade, 
fora do mundo, fora de mim mesmo; do meu eu por dentro - também.

O puto que me fez, já se foi faz tempo. Incapacitado de ser meu tutor e exemplo, 
escafedeu-se. Matou-se embriagado de covardia.

Perdi-me em sua linhagem fétida à álcool e nicotina. Suas musicas boemias, cantadas em balcões de bares sujos, em troca de cachaças e fumos. Velho idiota, quem foi o outro puto que te pariu?
Nem pra pegar putas nas esquinas, serviu!

Preciso fugir para um lugar que flutue e exista boa respiração. Que haja muito ar puro a brisar. 
Pensei em meus pulmões...
Sei não. Mas meus pulmões estão em chamas nesse instante. Eu os sinto como vulcões em erupção. Tenho ferimentos nas entradas das narinas, fato, febre interna.

Faz frio. Hoje não tem o sol, apenas nuvens.
Estou escrevendo da prisão onde vivo em excesso de liberdade. Fica detrás dos enormes muros que mandei construir para me prender.
Aqui, eu posso andar de cabeça para baixo. Posso comer formigas, assim como fazem os tamanduás.

Vera Lyn Poeta

Meu corpo ancorado noutra vida - dentro desta.


Segui, pelas ruas de minhas angustias.

Cheguei a pensar que não valeria o penar.
Quantas vezes tombei? Não sei!

Me perdi. Fiquei zonza; acuada num canto escuro;
de solidão ardendo.
Mas existe àquela força sobre humana,
Que age secreta e envolvente.
Forte como o fogo.
Brabas ondas de maré a ressuscitar terras novas;
enxurradas de sentimentos amadurecidos.

Os poemas são minha cura.
Onde em silêncio incorporo infinitos.
Que invadem meus segredos a descreverem -
litorâneos de Deus.

Emergir o corpo expelindo faíscas de vida, levantado pela alma;
Corpo ancorado noutra vida - dentro desta.
Alma em marfim. Alma que transporta. Sigo. 
Meus surtos, meus choros de amor e ódio, meus olhos envoltos por marcas de expressão falam por mim.


quinta-feira, maio 04, 2017

Ah se eu pudesse

Ah se eu pudesse viver de brisas
Só da brisa que o vento leve traz.
Ah se eu pudesse morar dentro dos poemas,
acomodada no berço que nos poemas há.

Jogar-me aos passos em mutualidade do revoar leve, livre, solto
duma bailarina que nos poemas, há.

Ah se eu pudesse,
esquivar-me ao Arcanjo falastrão,
Que me arranca do mutismo,
incumbindo-me à missão,
do amor semear.....ao virgem clarão da terra no chão
Onde também, pisará o tolo e o presunçoso,
com seus pobres bordões em cinzas
em suas vãs tentativas,
de me alienar e arrastar.

Ah se eu pudesse ser brisas leves, livres, 
soltas ao vento,
lento dengo estendida sobre teus braços,
sorrindo feliz, e seus lábios beijar....a minha boca na tua voz
suspirando amar.

Vera Lyn Poeta

Chico .....


Minha mãe sempre diz: Não há dor que dure para sempre! Tudo é vário. Temporário. Efêmero. Nunca somos, sempre estamos. E apesar de saber de tudo isso porque algumas dores duram tanto?” 
― Chico Buarque

Vera lyn poeta

Profunda dor


Tantas dores, nesse exato milésimo de segundo, ecoam pelo mundo. Essa profunda dor que estou sentindo, é somente mais uma daquelas dores que sangram.

Ceguei-me às palavras de amor ouvidas. Adentrei de corpo e alma, aos castelos construídos no imediatismo.

Entendo que tudo era apenas um belo e puro sonho. Por isso sangro agora. Não se é permissivo esmagar sonhos como se matam baratas. Pisando sobre, e retorcendo a ponta dos pés até sobrar fagulhas; restos nauseantes. 

A poesia e eu somos apenas uma só alma. Mas eu não sei amar....
Quando amo chego ao grau da loucura. Salto à velocidade, em fuga, na minha própria liberdade.
Sinto pavor do desamor. Sinto angustia da traição. A traição me lança de volta ao inferno fumegante da minha mente transtornada.

Penso na frase impactante da escritora diva Clarice Lispector: "Acredito que pessoas aprendem com os próprios erros e com o tempo. Acredito também que quem traiu uma vez e foi perdoado vai trair de novo." - Paro de chorar, vou tomar meu café dessa manhã nublada.

Vera Lyn Poeta

domingo, abril 30, 2017


Viver em sociedade é um desafio porque às vezes ficamos presos a determinadas normas que nos obrigam a seguir regras limitadoras do nosso ser ou do nosso não-ser... 
Quero dizer com isso que nós temos, no mínimo, duas personalidades: a objetiva, que todos ao nosso redor conhece; e a subjetiva... Em alguns momentos, esta se mostra tão misteriosa que se perguntarmos - Quem somos? Não saberemos dizer ao certo!!!
Agora de uma coisa eu tenho certeza: sempre devemos ser autênticos, as pessoas precisam nos aceitar pelo que somos e não pelo que parecemos ser... Aqui reside o eterno conflito da aparência x essência. E você... O que pensa disso? 

Que desafio, hein?


"... Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la..." 

- Clarice, em "Perto do Coração Selvagem" 

__ Vera Lyn Poeta

Quem nunca roubou não vai me entender. E quem nunca roubou rosas, então é que jamais poderá me entender. Eu, em pequena, roubava rosas.
Bem, mas isolada no seu canteiro estava uma rosa apenas entreaberta cor-de-rosa-vivo. Fiquei feito boba, olhando com admiração aquela rosa altaneira que nem mulher feita ainda não era. E então aconteceu: do fundo de meu coração, eu queria aquela rosa para mim. Eu queria, ah como eu queria. E não havia jeito de obtê-la. Se o jardineiro estivesse por ali, pediria a rosa, mesmo sabendo que ele nos expulsaria como se expulsam moleques. Não havia jardineiro à vista, ninguém. E as janelas, por causa do sol, estavam de venezianas fechadas. Era uma rua onde não passavam bondes e raro era o carro que aparecia. No meio do meu silêncio e do silêncio da rosa, havia o meu desejo de possuí-la como coisa só minha. Eu queria poder pegar nela. Queria cheirá-la até sentir a vista escura de tanta tonteira de perfume...."

__Clarice Lispector - em: Felicidade Clandestina, "Cem anos de perdão"

sexta-feira, abril 28, 2017

Subiremos incansáveis todos os degraus. Não os degraus de quando nascituros. Menos ainda o posterior. Mas sim, aqueles degraus que nos porá frente a frente do auto conhecimento. Uma forma exata de acessarmos o nosso potencial criativo, mergulhadores de alma que somos.

Acredito na verdade, na essência, na paz e no amor. E eu acredito nessa terceira dimensão, porque é nela que eu existo, insisto, e me inspiro.