Vera Lyn

O mundo, esse mundo tão cheio de falas, é mudo.

 Seria o tempo do desespero. Corrida contra o tempo, e um novo mundo sendo construido. Medo da precoce morte. Medo do desconhecível. "Não é a hora, essa agora" - disse para mim mesma.

Por que Janis Joplin? 

"Por ser uma alma completa" - respondo minha pergunta.

O amor pelo Blues; som que ao longe, e em transpor me vem: "Já ouvi isso antes!".

Quem pode saber o que se passa pela cabeça do outro? Ninguém.

E o estado de espírito que se encontra o outro? Ninguém, também.

O mundo, esse mundo tão cheio de falas, é mudo.

Uma correição de formigas perdidas; folhas para lá e para cá, e o vento vai levar tudo e todos.

Sonífera! 

"Preciso de uma droga fortíssima que me faça dormir!"

"Dormir, minha própria morte não concebida!"

E eu dormi! Por longo tempo, o teatro! Apresentei-me forte e decidida; performance!

Senti, então, que a humanidade não se comove, estão cegos; umbigos.

Se estamos sozinhos? Sim!

Vem daí, toda necessidade da volta por cima.

Nesse mundo de cada um por si, o que prevalece é a fé removendo montanhas.

Creio que cresci. O passado morreu, e com ele foi embora a inocência. Pena?

sim! É uma pena.

Quem é  você agora? - respondo: "Sou, o que nada nem ninguém, releva".

Isso é bom? -  respondo: "Sim, me dá prazer; sinto prazer por isso."

Vera Lyn Poeta
 

"Me entupo de ausências,
me esvazio de excessos.
Eu não caibo no estreito,
eu só vivo nos extremos.
Eu caminho, desequilibrada,
em cima de uma linha tênue
entre a lucidez e a loucura. "

<Clarice Lispector>

Vagueio pelo teu rosto,
  a dedos moldo cada traço 

linhas que realço...

olhos de lírios..!

olhar de morro; 

morro nos teus braços - acender,
e tudo se faz nuvens e espaços
braços,
abraços,
Calor intenso..

Colibri,
borboletas,
flautas e cílios.....

me entrego, e não me canso!

vera Lyn Poeta

Depressão: "Preconceito também precisa de tratamento"

imagem/post: psiconlinebrasil

A depressão, em seu auge, é a pior doença em degeneração mental e emocional que existe. 

É como se estivéssemos mortos. Porém, lúcidos e tentando nos reanimar; caminhos solitários que fazemos, devido o excesso em preconceitos, que atinge o depressivo.

Travessia infernal que aos sentidos, é como se estivéssemos cercados por uma ilha em chamas, deveras a nos consumir a qualquer instante.

Me pergunto: "Porque o estado depressivo de uma pessoa causa tanta ironia a outrem?" -  Não sei!

Só entendo, que jamais obterei essa resposta. Fica na mente, essas reações frias em abandonos.cujas, partem justamente daqueles que estão mais próximos, e amamos.

Quem, gostaria de ver seu mundo ruindo de um instante ao outro? Alguém imploraria para descer ao inferno?

Quem abandonaria uma vida altamente fértil, feliz, promissora e na ativa, para tornar-se um zumbi?

Quem, em consciência, destruiria-se aos poucos, e todos os dias? Quem? Quem?

Como se não bastasse o horror da transformação, ainda é sabido toda solidão. Caminhada sem nexo; revoada do nada; sem pássaros, nem infinitos, nem céus nem nada! Somente a fúria do desconhecido.

"Depressão não é covardia".

"Bipolaridade não é frescura".

"Ansiedade não é falta de trabalho"

Por fim, "Preconceito também precisa de tratamento", leio em alerta, a página orientadora, que sigo.

imagem/post: psiconlinebrasil

 Não sendo mais a mesma, e decididamente, não usufruindo do martírio que é fingir. Sigo sem explicações a dar. Avanço, todos os dias ao recomeço. Onde esse dia, vai ser mesmo mais um dia. O plano é viver. E, agora, sem muita comoção. Sem o purgatório da ansiedade que me jogou no fundo do poço. Sem aquele insano e louco olhar, que tudo seria mesmo, um mar de rosas. Não sinto muito por isso. Me sinto bem, por ter 'salvo' a minha própria vida. Nenhuma euforia, seja lá de onde venha, poderá me tocar. O plano, é viver.

Ninguém está imune à depressão. A depressão é um doença sorrateira, de repente, ela te tem. E dai?

Bem, dai o preconceito terá em desprazer, conhecer todo calvário.

Verdade é, que ninguém morre de suicídio, morre mesmo é de depressão.

Mas, NÃO entregar-se é exatidão, e é preciso. Usei a tática inteligente, que foi 'enganar' essa bastarda caminhando junto a ela. Assim que ela achou que tinha dominado, levantei-me ainda pulsando do chão, e atirei contra ela. Uma guerra fria de emoções. Só quem viveu isso, ou está passando por isso sabe naturalmente, o porque de tanta profundidade.

Sabe, o que é lutar com um monstro invisível, mas que faz doer tudo, sangrar;  arremessando-nos ao nada, à desistência da vida.

Nesse tempo suado e louco, é fato às renuncias. Porque será esse, o caminho em resgate da auto estima.

Perdoar-se, e não mais render-se a fraquezas de carências subjetivadas. Acreditar, que somos cada um por nós mesmos. Arrancar da mente enganadora, que a felicidade possa ser a presença de outra pessoa, ou coisas materiais, enfim. Mesmo porque, nada nos pertencerá, caso não aja cumplicidades de sentimentos mútuos.

Bem, quando expresso-me "atirei contra ela" (depressão), não sei se a matei em realidade. Não sei ela despediu-se do meu corpo e de minha alma. Não afirmo certa,  se esse filme terá sua parte II - o retorno. Mas, sei que luto, e luto muito contra essa bastarda, que não tem  nenhuma filiação! Vou à exaustão, encaixando assim, a arte em viver; arte em criar que embuti na minha vida. Um tanto mais de silêncio ao  meu entorno; um jeito que muitos não aprovam, mas é minha vida, e é pela minha saúde. Também, por acreditar estar sendo útil a quem interessar possa, de - como sobreviver à depressão.

Bem, vamos lá: Amar-se primeiramente, acima de qualquer situação, ou qualquer coisa. No ontem, eu pensava ser essa atitude <amar-se, primeiro>, uma ação em egoísmo...e, não era. Presto, mais atenção a  minha volta, porém, sem me condenar agora.

Vera Lyn Poeta