Despertei-me com dois personagens em total frenesi pela minha mente.
Chamei-os Pólux e Ophelia. Coloquei-os em cena, para que possam
ter suas vidas esclarecidas.
Estamos em uma arena. Pessoas passam a procura de emoções.
Vão se aglomerando ao redor da arena:
_O que acontece aqui ?
_Não sabemos! Também estamos no aguardo.
De repente, surge Ophelia.
Não a descreverei fisicamente, porque Ophelia pode ser qualquer pessoa em estado de paixão.
Docemente, Ophélia caminha apagando qualquer som de seus passos deslizantes.
Pólux permanece em pé e de costas. Está entristecido com seu grande, imenso e único amor.
_Vira-te para mim e ouça-me Pólux! - diz Ophelia.
Pólux não resiste aquele sopro de voz doce e meigo, exalante em brisas de manhãs..
E com os olhos em nevoeiro e manso, cruza aos belos olhos de Ophélia, obedecendo em rigor, seu rito.
Ophelia desce em sua fragilidade, ajoelhando.
Pólux, hipnotizado pelo instante a segue em olhar terno.
_Pólux grande amor, cole teu peito ao meu peito. Preciso-os na exata dimensão.
Para que pulsem num só ritmo os nossos corações.
Tendo em visão nítida a imersão desses dois corações penetrados, ponho-me delirante, e prossigo.
A multidão aplaude, ri e chora na emoção....
Estou trêmula, quase desfeita, dando luz a sonhos gerados pela noite que se findou.
Corro até o poema "Guardo-te como selo sobre meu peito", nascido, creio,
a pedido dos ainda, embriões, Pólux e Ophelia.
a pedido dos ainda, embriões, Pólux e Ophelia.
Preciso de tópicos para a fala de Ophelia. Estou chorando dentro de meu silencioso mundo.
Ali, ajoelhados, abraçados em olhos mergulhados na mesma direção, Ophelia recita
seu imenso amor a Pólux:
"Ama-me ao silencio de seus pensamentos.
Ama-me ao hálito morno, em doces sussurros de desejos confessos que escorrem de tua boca.
Ama-me ao teu caminhar; sentar e levantar, ir ou ficar.
Ama-me Pólux, dos súbitos surtos - instantes de loucura-, a redenção serena do meu corpo trêmulo, largado sobre o teu corpo.
Ama-me afim de não deixar que escape, o pólen que flutua ao vento
cola em minha pele e deverá adoçar os lábios teus!
Ama-me dos sonhos que guardam-me em poesias, a realidade difícil de meus dias.
Guardo-te como selo sobre meus peitos!
Minha boca te espera sem ruídos......
Pólux, toma sua amada pelo seu frágil e despedaçado corpo de emoção.
Abraça-a em choro manso.
Suas lágrimas escorrem aos ombros de Ophélia se fazendo mar.
Só então, seus olhares se cruzam perpetuando assim, e em luz, aquele beijo...
Pólux encosta seus lábio aos lábios de Ophelia, que em rio caudaloso, une esses
corações apaixonados em longo beijo, que não deverá terminar nunca !
É esta a resposta de Pólux ao seu único amor, Ophélia.
É a vida imitando a arte.
É a vida imitando a arte.